José Alfinyahu: A SOGRA NA BÍBLIA

A SOGRA NA BÍBLIA


A SOGRA NA BÍBLIA
A SOGRA NA BÍBLIA
A sogra de Deus no contexto bíblico
Na Bíblia há um livro chamado Rute. É a história duma família que vivia no tempo em que Israel tinha juízes. Rute era uma jovem da terra de Moabe; ela não era da nação de Deus, Israel. Mas, quando aprendeu sobre o verdadeiro Deus, passou a amá-lo muito. Noemi era uma mulher idosa, que ajudou Rute, a saber, sobre seu Deus.
Dentro de um contexto teológico o que podemos analisar a respeito deste tema? Como ponto de partida podemos definir que toda sogra é mãe de alguém, sendo mãe é porque um dia ela também já teve uma sogra, e se já teve uma então logo não é inexperiente no assunto. Nenhum genro trata com sua sogra sem que ela saiba o que é ter um filho ou uma filha e nenhuma sogra trata com seu genro sem que ele saiba o que é ter uma mãe ainda que até mesmo com ela não sendo sua mãe legitima. Então não estamos tratando aqui de pessoas inexperientes neste assunto, pelo contrario quem é sogra sabe o que é ter um filho e quem é genro sabe o que é ter uma mãe. Assim neste aspecto nos remeteremos ao termo em hebraico para sogra.

Quem foi Noemi
Noemi, cujo nome significa “Agradável” era esposa de Elimeleque cujo nome significa “Meu Deus é Rei”, e tinha dois filhos Malom e Quiliom, eles eram efrateus, de Belém de Judá, os quatros deixaram sua casa e foram morar em Moabe, numa época em que os juízes eram os líderes de Israel (1380 a 1050 antes de Cristo) e que uma fome assolou aquela terra.
Elimeleque morreu deixando Noemi com seus dois filhos, os filhos deles casaram-se com mulheres moabitas, a primeira se chamava Orfa e a outra se chamava Rute, eles viveram ali por dez anos, mas a Palavra registra que Malom e Quiliom, filhos de Noemi, também morreram e então ela ficou sozinha não tendo nem marido e nem filhos.

O poder surpreendente de uma única palavra
No tempo dos juízes, quando ainda não havia rei sobre Israel, uma família israelita saiu de Belém, para escapar da fome. A família, composta por Noemi, seu marido e seus dois filhos, se mudou para uma terra vizinha, chamada Moabe. O marido de Noemi morreu e seus dois filhos se casaram com mulheres moabitas mas morreram sem ter filhos (Rute 1:3-5).
Viúva e sem filhos, Noemi decidiu voltar para Belém, onde já não havia mais fome. Ela aconselhou suas noras a ficarem em Moabe com suas famílias e seus deuses mas uma delas ficou com Noemi. Seu nome era Rute e ela tinha decidido seguir Deus e cuidar de sua sogra, a qualquer custo (Rute 1:16-17).
Quando chegaram em Belém, Rute foi trabalhar para sustentar sua sogra idosa. A lei permitia que pessoas pobres colhessem os restos das plantações, depois que os donos tinham feito sua colheita (Deuteronômio 24:19-21). Rute entrou numa plantação de cevada e passou o dia colhendo o que os ceifeiros deixavam cair.

Para onde quer que você vá, eu irei
Nos tempos antigos, como a mulher dependia inteiramente do sustento do marido, cabia à sogra protegê-la no caso de algo acontecer com ele. Nós vemos isso no livro de Rute. Quando seu marido morre em Moabe, Rute permanece firme com sua sogra Noemi e retorna com ela para Belém. Em troca dessa lealdade, Noemi protege Rute, e faz com que ela se case com um parente rico que ela tem.

O muro protetor de uma senhora
Noemi é um bom exemplo de como a sogra bíblica era bem diferente do que supomos que seja hoje. Ela era uma guardiã. Isto é evidenciado pela palavra em hebraico para sogra: ḥamot (חמות) que vem da raiz ḤMH que significa “cercar e proteger”. Esta raiz também dá origem à palavra ḥomah (חומה) que significa “muro da cidade”. O profeta Isaías escreveu: “Coloquei sentinelas em seus muros, ó Jerusalém; jamais descansarão, dia e noite” (Isaías. 62:6).

Por trás do muro da tradução
Noemi tornou-se o ḥomah (חומה), que protegia Rute. Somente quando lemos a Bíblia em hebraico que nós começamos a compreender as histórias e os relacionamentos entre os heróis bíblicos, já que suas verdadeiras conexões vêm à luz.

Rute e Boaz
O dono da plantação, chamado Boaz, reparou no trabalho árduo de Rute e fez perguntas sobre ela. Ele ficou impressionado quando ouviu tudo que Rute estava fazendo por Noemi (Rute 2:11-12). Por isso Boaz tratou Rute bem e lhe deu ajuda e proteção. Nesse dia, Rute voltou para casa com muita comida e Noemi lhe contou que Boaz era parente de seu marido. Deus estava ajudando Rute a encontrar uma nova família!

Rute continuou a trabalhar na plantação de Boaz até acabar a colheita (Rute 2:23). Então Noemi aconselhou Rute a pedir Boaz em casamento. Naquele tempo, quando uma mulher ficava viúva e sem filhos, numa situação precária, o parente mais próximo tinha o dever de casar com ela e cuidar da herança do falecido. Boaz era esse parente próximo de Rute.

De noite, Rute se aproximou de Boaz e lhe pediu para cuidar dela, cumprindo seu dever. Boaz novamente ficou impressionado com a preocupação de Rute em fazer a coisa certa (Rute 3:9-11). Boaz explicou que havia um parente mais próximo que ele mas prometeu resolver o assunto logo. Rute voltou para casa e contou tudo a Noemi, que ficou feliz, porque sabia que Boaz iria cuidar delas.

No dia seguinte, Boaz se encontrou com o outro parente, que lhe cedeu o dever de cuidar de Rute. Boaz então se casou com Rute e ela teve um filho chamado Obede. O filho de Rute foi a alegria de Noemi em sua velhice, cuja vida foi restaurada pelo amor de Rute (Rute 4:13-15). Rute se tornou bisavó do rei Davi, que foi antepassado de Jesus.

Rute foi uma mulher moabita que decidiu seguir a Deus e cuidar de sua sogra.
Deus abençoou Rute por sua fidelidade. Rute foi a bisavó do rei Davi.

Como ser uma boa sogra?
A história se repete: lembre-se que assim como você se casou com o filho de alguém um dia, alguém vai se casar com o seu. Nunca se esqueça que você já foi nora.
Vença o ciúme: esse sentimento ressalta a rivalidade e nora não é rival, já que ela não disputa o amor do filho, mas o tem de forma diferente. Muitas vezes o rapaz até escolhe uma mulher parecida com a mãe, entretanto, a mãe não conseguindo ver essa semelhança, olha para a nora com raiva e medo de perder o posto.
Filho de atitude: procure ouvir e respeitar seu filho em relação aos limites que ele e a mulher desejam impor à relação. O papel do filho é fundamental na relação da sogra com a nora. É ele que deve dar limites para a mãe.
Não provoque: não se sinta no direito de participar de tudo, pois você não está mais na casa do filho, está na casa da nora também. É terminantemente proibido criticar a nora na frente do filho!
Tenha uma vida: as sogras que são mulheres ativas têm mais chances de não serem invasivas. Quem se preocupa com a própria vida tem pouco tempo para dar palpite na dos outros, mesmo que seja filho ou filha.
Netos não são filhos: avós podem ajudar a cuidar, mas educar não é tarefa delas e muito menos deseducá-los, deixando que façam o que a mãe proíbe. A sogra que souber ajudar sem desrespeitar a autoridade da mãe vai ganhar muitos pontos.
Não se intrometa: não perguntaram? Não responda. Não pediram ajuda! Não ofereça. Não convidaram? Não apareça. Simples assim.
Mantenha a cerimônia: passar um fim de semana com a sogra pode ser saudável, principalmente para as crianças, mas fazer disso um hábito pode causar uma crise conjugal. Visitas devem seguir o mesmo protocolo de uma visita qualquer.
Não devemos nos esquecer que apesar do amor que os pais nutrem por seus filhos, acreditar que o modelo de casamento deles é o correto, está distante de ser uma verdade absoluta. Na realidade, não existe um modelo de família certo, mas existe o novo modelo de família que deve ser construído somente entre marido e esposa.

Perfil de uma nora abençoada
Temente a Deus – seu amor a Deus se refletiu numa vida de amor a dedicação a Noemi e sua nova família
Corajosa – Rute deixou sua família e tudo que conhecia para fazer o que era certo
Leal – Rute nunca abandonou Noemi, mesmo quando não tinha obrigação de ficar com ela
Trabalhadora – seu trabalho árduo e honesto ganhou o respeito de todos que a conheciam
Respeitadora – Rute ouvia e seguia os conselhos de Noemi e Boaz, que eram mais velhos e mais experientes.

Perfil de uma sogra abençoada
Uma mulher de fibra, forte para suportar os ventos contrários e acreditar que a bonança viria soprar novamente.
Bravura em meio às lutas, fidelidade ao seu Deus mesmo em face às perdas, não teme o recomeço, uma sogra exemplar, esperança quando tudo eram trevas. Boa conselheira, tenacidade para prosseguir cuidando do único tesouro que julgava ter: sua nora Rute.
Noemi, não sucumbe diante das adversidades, não se paralisa, não morre e não se deixa abater. Uma mulher que acredita no recomeço.
Ela decide enfrentar a sua dor frente a frente, sem sucumbir e nem estremecer. Retorna a sua terra, a Belém de Judá, terra na qual, mais tarde, nasceria o Salvador da Humanidade. Agora, procura refazer sua vida no centro da vontade de Deus. O melhor lugar para ficarmos é onde Deus está.
Noemi voltando com Rute a Belém, à casa do pão, lugar do centro da vontade de Deus, é abençoada,  quando um parente de seu marido, Elimeleque, chamado Boaz, um homem muito rico, resgata a Rute, que segundo o costume Hebreu pertencia a outro parente. Pagando o preço devido, Boaz casa-se com Rute. Rute 2:1,-13; 3:12,13; 4:1-6,13.

No momento da dor e do fracasso, Deus nos dá um fio de esperança. Rute (significa: plena de beleza ou amiga) sua outra nora, diz para Noemi: ‘você não está só eu estou contigo e ficarei contigo em todo o tempo, nunca me afastarei de ti.’ “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.” Rute 1:16,17.

O resgate de Noemi e Rute
Boaz dirigiu-se até a praça da cidade e quando avistou o seu parente mais próximo o chamou e chamou também dez lideres da cidade, então ele repartiu o que havia acontecido e contou-lhe que a propriedade que pertencia a Elimeleque foi vendida por Noemi que havia retornado de Moabe recentemente e que ele poderia compra-la de volta, pois teria prioridade no resgate e que fazendo isso deveria estar ciente de que teria de assumir Rute, a moabita, que era viúva parente, como parte da responsabilidade do resgatador, e ter filhos com ela, para manter a herança da família.

Contudo, o “parente mais próximo” afirmou que não poderia fazê-lo e então Boaz estava livre para fazer isso porque ele estava cedendo os direitos.

A Palavra diz que “antigamente, em Israel, era assim que se tratavam os negócios de propriedade e herança: o homem tirava as próprias sandálias e as entregava para a outra pessoa. Em Israel, isso correspondia a um selo oficial ou uma assinatura”. E foi assim que aconteceu naquele dia entre eles.

Comprando de Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque e seus filhos, Boaz assumiu a responsabilidade por Rute, viúva de Malom. Então ele a tomou por mulher para preservar a herança do falecido, sendo assim, “a lembrança e a reputação do falecido não desaparecerão da família dela nem de sua cidade natal”.

Boaz casa-se com Rute
Boaz casou-se com Rute, ela engravidou e deu a luz um filho e as mulheres da cidade disseram a Noemi: “Bendito seja o Eterno! Ele não deixou você sem descendente para cuidar. Que esse filho cresça e seja respeitado em Israel! Ele fará você se sentir jovem outra vez e cuidará de você na velhice. E sua nora, que o trouxe ao mundo e a ama tanto, sem dúvida é uma benção maior que sete filhos”.

Noemi cuidou do menino com todo o carinho e as vizinhas começaram a chamar o menino de “o menino de Noemi”, mas seu nome era Obede, que tem sentido de “Servo do Senhor”. Obede foi pai de Jessé e Jessé foi pai da Davi.

E finalmente, fica essa lição para todos. Ame a seu genro, ame a sua nora, de verdade, de coração, ainda que as vezes possa ser uma situação difícil, mas Jesus não disse que seria fácil.
E, se Jesus venceu todas as coisas, nós também com ELE, somos mais que vencedores.
Na hora certa a vitória virá!

CONTINUA 


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José Alfinyahu, Teólogo, Parapsicólogo, Psicanalista, Professor, Th.M em bíblia e Th.D em Teologia Sistemática.

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